quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Começando

     Começando

    Estar rodeada de pessoas não fazia de mim menos só.divisor  

    Sempre fui popular na escola, todos eram amigos da legal e descolada Alexa. Mas eu não sentia como se fosse assim. Pelo pátio, na volta para casa... diversos momentos em que eu gostava de andar só, em sintonia comigo mesmo, conversando com meus pensamentos. Sentia que era diferente. Não é o caso que eu não me encaixava no mundo deles, mas eles é quem não se encaixavam no meu.
   

    Estar no terceiro ano não é a época mais fácil da vida, muitos dizem que é o tempo de escolhas, de definir os caminhos para o resto da vida, mas eu não sabia o que fazer. Talvez fosse o fato de ter perdido minha mãe já fazem três anos - as outras garotas tem as mães para se abrir, eu não - e não gosto de me abrir com as outras garotas, mas parece que há mais do que isso, mais do que uma confusão, é um sensação interna, como se eu soubesse que tudo está para mudar, e não estou falando do curso que escolherei para a faculdade.
   

    É como se estivesse acontecendo algo dentro de mim, não sei explicar, eu apenas sinto que estou diferente, e cada vez mais.
   

    Ganhei este diário no amigo oculto do ano passado e ainda não tinha visto utilidade para ele, até hoje. Já estamos na terceira semana de aula, até agora nada de anormal havia acontecido. Hoje chegou uma colega dela, ao entrar na sala de aula tudo parou. Talvez por ser uma aluna nova na terceira semana de aula, talvez pelas roupas excêntricas. Um all-star preto de cano alto, meia-calça rasgada e uma saia preta com várias camadas de renda preta por cima do tecido preto movimentando-se como se, não o vento o movesse, mas ele movesse o pano, a camiseta de manga comprida listrada, o cabelo preto com mexas vermelhas e o chapéu preto para dar um ar ainda mais estranho, como se tivesse saído direto de um filme de halloween. Uma bolsa surrada marrom com cadernos dentro e um enorme - ENORME - pingente de pentagrama pendurado no zíper. A aula parou.
   

    Quando ela entrou em silencio na sala de aula pareceu que uma sombra a seguiu, não sei se mais alguém sentiu isso, não foi algo de ser visto, mas sim mais de ser sentido.

- Rafaela. - Levantou-se e falou rápido, antes que a professora terminasse a frase.
 

    Foi a única palavra dita por ela durante toda a aula. No recreio os bolinhos falavam da garota nova na escola, enquanto ela ficou lendo um livro estranho e ouvindo seus fones de ouvido. "Gostaria de saber que tipo de música ela ouve.". Fui recriminada pelos meus amigos, ignorei os comentários deles pois ela é só uma garota nova, normal com coragem de ser quem é. Admiro ela. O mais estranho foi que enquanto pensava isso ela me encarava como se soubesse o que eu estava pensando. Foi estranho. Legal. Muito legal. Mas estranho.
   

    Com todo mundo escrevendo em blogs me sinto meio idiota escrevendo nesse diário, talvez tenha sido o primeiro e ultimo dia, talvez não, talvez eu escreva sempre, a questão é que gostei da privacidade, e gostei da sensação de ter com quem conversar. Cheguei a conclusão de que devo responder a solicitação de amizade enviada pela estranha e legal colega nova - a pesar de não saber como ela descobriu meu nome. Vamos ver no que dá, talvez nos tornemos grandes amigas, talvez não...

Segunda-feira, 16 de março de 2009.

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